A tentativa de invasão da casa do prefeito de Cristino Castro, Felipe Dias, por um homem armado de faca, no início dessa semana, não é um caso isolado no Piauí quando o assunto é violência contra políticos e candidatos às eleições de 6 de outubro. Conforme levantamento do Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Unirio, desde o início do ano já foram registrados 14 casos semelhantes no Estado.
O número é considerado alto, segundo especialistas, e coloca o Piauí em terceiro lugar no país, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro, com 20 registros; e São Paulo, liderando esse ranking de ataque a políticos e candidatos com um total de 29 casos. No total, de janeiro até agora, foram registrados 455 casos de violência contra lideranças políticas no Brasil. Esse último caso piauiense ficou apenas na ameaça. O acusado foi rapidamente detido pela polícia.
De acordo com os dados do Observatório, os casos foram divididos por trimestre, assim distribuídos: No primeiro, ocorreram 68 casos; no segundo, 155 e, no terceiro, 232. O crescimento desse último período, deve-se a proximidade do pleito dete ano. Os casos registrados são diferenciados por tipos de violência: foram 94 casos de violência física, sendo 15 homicídios, 49 de violência psicológica, 19 de violência econômica e 11 simbólicas.
O pesquisador do Observatório da Violência Política e Eleitoral, Pedro Bahia, comentou esse cenário: “Ele já está muito maior do que em relação ao mesmo período nas eleições nacionais e estaduais de 2022 e em comparação com as eleições nacionais de 2020. Então, infelizmente, a gente acaba esperando que esse ciclo municipal de 2024 seja muito mais violento do que os anos anteriores”, disse.
Para tentar diminuir esses casos e evitar conflitos, no dia da eleição mesmo, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Piauí (SSP-PI) anunciou o lançamento da Operação Segurança Eleitoral "Arco da BR-020”. A operação iniciou nesta segunda (23) e segue até 7 de outubro, com foco nos municípios das Áreas Integradas de Segurança Pública (AISPs) de Picos e Valença, identificadas como áreas de risco com potencial para aumento da violência durante o pleito.
Além disso, a PM já mobilizou 6,5 mil policiais para atuar no policiamento que cobrirá os 3.560 locais de votação distribuídos por todo o estado. O comandante-geral da PM, coronel Scheiwann Lopes, destacou que, além da tropa da Polícia Militar, o pleito contará com o apoio de outras Forças de Segurança Pública do Estado. Ele enfatizou ainda que o plano de segurança foi elaborado com bastante antecedência.
"A PM já tem seu plano traçado para as eleições de 2024. Esse planejamento, inclusive, já foi encaminhado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), responsável por coordenar todo o processo eleitoral no Piauí. Teremos mais de 6.500 homens e mulheres empregados em todo o estado, cobrindo os 224 municípios, onde há mais de 3.560 locais de votação, com cerca de 11 mil seções eleitorais e um eleitorado de mais de 2,,6 milhões de eleitores. É um processo grande e complexo, que exige a atenção das forças de segurança, especialmente da Polícia Militar. Contaremos também com o apoio da Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Penal e Guardas Municipais, que nos ajudarão a atender toda a demanda que o processo eleitoral impõe", explicou Scheiwann Lopes.